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sábado, 27 de setembro de 2014

Chuva civil não molha militar

O tempo convida à preguiça, a chusma de alertas laranja e amarelo que recebo do IPMA, à razão de dúzias por dia, desaconselha sair de casa, desaconselha ir para os Montes trabalhar no campo. Afinal, com os temporais previstos nada poderei fazer.
Mas lembro-me de que isto dos alertas, das previsões catastróficas, é recente. Meia dúzia de anos atrás saíamos e logo víamos se chovia, se ventava -- não havia então avisos de fenómenos extremos de vento. E os nossos antepassados foram à Índia, talvez por então não haver IPMA nem alertas. Eis-me portanto no campo, entre Terra e Céu, a fazer desparra tardia na vinha a ver se os cachos por vindimar aumentam de grau. Precavido com capa para a chuva pelo sim, pelo não. Lá pelas quatro e meia da tarde desponta sobre a colina nuvem suspeita. Como animal farejo o ar, quase sinto a electricidade: vem aí carga de água, vem aí trovoada. E eu não gosto nada de ser surpreendido por uma delas em cima do tractor. Pelas minhas previsões, a chuva vai desabar dentro de cinco minutos. Acertei em cheio e a chuva também, em cima de mim, a meio do percurso para casa. Acompanhada por granizo grosso como ervilhas e relampejar constante.
Não, não penso que teria sido melhor não ter vindo para o campo, não, não me dão saudades o conforto da casa, o sofá, um filmezito de sábado à tarde. Viver afastado da natureza não é, para mim, viver.
E os alertas? Pois até agora nada de mais: um bom aguaceiro, trovoada, nada que justifique tanto alarmismo. Compreendo que os meteorologistas precisem de se defender das acusações dos autarcas, mas se continuam a profetizar diariamente catástrofes acontecer-lhes-á como ao rapaz que para se divertir gritava "Lobo!"
FOTOS: (1) o Tex, cão a quem os alertas não assustam, sempre pronto para pular dentro da caixa do tractor e fazer-me companhia. (2) Temporal que se aproxima.

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