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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Outono de seu riso magoado


Crescem as noites, arrefecem os dias, alongam-se as sombras, até há pouco exíguas, verticais, duras – eis que difusas se confundem com natureza, casas, objectos, pessoas, e a lucidez que sempre nos faltou não alcança destrinçar nessa penumbra a realidade fugidia.
Não é só o Portugal tristonho a definhar, não; é todo um mundo de aparências, de quimeras, créditos, promessas plásticas de juventude eterna, vidas de sonho decalcadas de revistas de cabeleireira… Sabemos hoje (sabê-lo-emos?), que a riqueza era virtual como o dinheiro, como o crédito bancário,  e vemos as prometidas vidas de sonho esvanecerem-se para todo o sempre como sombras que jamais conseguiremos alcançar, ora fugindo à nossa frente se as perseguimos, ora a  seguirem-nos trocistas se lhes viramos as costas. Para nosso desgosto e revolta, espera-nos,  sarcástica, a frugalidade austera dos nossos pais e avós…
NOTAS
(1) post de Outubro de 2010; infelizmente bem actual.
(2) Título: verso de um poema de Camilo Pessanha.

2 comentários:

Beatriz Lamas Oliveira disse...

E se nos sobrar a frugalidade austera dos nossos avós,se eles resistiram, resistiremos nós.
Mas não foram todos nós os que acreditaram em sonhos fáceis, cursos de formação falsos, empréstimos desgarantidos, e piscinas de plástico. Nem todos fomos para a Jamaica em viajem de núpcias serôdias, nem todos acreditamos que tanto brilho era oiro.
De qualquer modo não fomos nós, os que recusaram a miragem, nem foram aqueles, inocentes ou ávidos, que nela acreditaram que deitaram tudo a perder.
Quem manipula o mundo e os sonhos são outros que não nós.
Somos observadores participantes e entristecidos da realidade. Outros são os donos de todo este palco.Precisam ser desmacarados.

JCC disse...

Pois, é nossa obrigação intervir para contrabalançar tanto quanto possível a lavagem ao cérebro das massas, feita permanentemente melos orgãos de comunicação, para contrriar as campanhas mediáticas de indignação ao serviço de interesses bem conhecidos, que nso conduziram à situação actual -- que só pode piorar, receio.
Muito obrigado pelo comentário.
JCC