Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nuvens negras

neste tempo tão soalheiro. Parece-me avistar, para lá do horizonte de cortes e de contestação, a pior ameaça que paira sobre qualquer espécie animal: o espectro da fome. 
Compramos quase tudo o que comemos. Pouco produzimos, para o que bem nos ajudou a ciência económica de governantes como Cavaco Silva. Havia, diziam-nos, pessoas a mais nos campos, a agricultura não poderia ser rentável com tanta gente, os campos ficaram ao abandono, as embarcações de  pesca foram abatidas. Em troca de subsídios. Para os grandes "agricultores" da capital, para os armadores. Subsídios para Portugal não produzir.
Consta que lá fora já ninguém nos empresta dinheiro. Como compraremos a comida que diariamente nos é necessária? Como resistirão as populações das grandes cidades, que foram levadas a abandonar o campo, desprestigiante e desinteressante, para viverem no conforto citadino? Voltaremos aos tempos da primeira república, com motins frequentes causados pela falta de pão -- não estou a falar em sentido figurado; é mesmo pão, feito de farinha e de água, mais desta que daquela. Pão seco, com a manteiga da fome.
Homem prevenido vale por dois. Pelo sim, pelo não, com o quarto neto a caminho, vou aumentar as sementeiras e plantações. Enquanto houver batatas, não se morre à fome. Já Iphones e Ipads não valerão um papo-seco se as minhas previsões se confirmarem -- e bem desejo estar enganado.

5 comentários:

Sofia disse...

Aceitas pedidos de cultivos? :) Batatas é bom, mas só batatas...

JCC disse...

E feijões. Alimentos fortes para crescer rijo. Encomendas? Porque terei começado a cultivar rúcula, tomate cereja, nabos?

Sofia disse...

Falta cenouras e ervilhas!

JCC disse...

Ervilhas sim, cenouras não. Cultura difícil, demorada, com muita mão-de-obra. Nunca tive sucesso com as cenouras. Bifurcam, ficam fibrosas... E, penso eu, querem muita água. Mais vale comprá-las, esperando que não tenham abusado dos pesticidas.
Mas, voltando às ervilhas, há uma certa menina que se encontra uma lagartinha ao descascá-las logo deita tudo fora e recusa continuar o trabalho...

Sofia disse...

:) Temos de aproveitar as mãos mais pequeninas - eles não devem ter medo das lagartas!