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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Grande Couceiro

Tinha a República dois ou três anos quando meu bisavô Zabel foi preso pela tropa e conduzido ao quartel, no Mosteiro de Alcobaça.
-- Meu alferes, este saloio vinha rua abaixo a dar vivas ao Paiva Couceiro, Gritava ele: "Força, Couceiro valente! Não há pai para ti, grande Couceiro!"
O alferes olhou severo o meu bisavô, que tremia como varas verdes. -- É verdade isto?
-- Ó senhor...
Repelão e berros: não se trata o senhor alferes por "ó senhor" -- ou pensas que estás a falar com gente da tua igualha?
O oficial, apaziguador: -- Diga lá, bom homem, porque é que gritava pelo Paiva Couceiro.
-- Ó senhor... Queira desculpar, senhor alferes, É que não há burro como o meu, isto com licença de Vossa Senhoria...
--- Burro?
--- Sim, chamo Couceiro ao meu burro por via do seu mau costume de dar couces. Mas tirando esse defeito, nem as mulas aqui do quartel se lhe igualam.
Desnecessário seria dizer que foi imediatamente libertado, com uma recomendação: que não voltasse a gritar pelo Paiva Couceiro na via pública.
IMAGEM: João Alfaro

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