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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A descida da ladeira

Insisti com a minha filha mais nova, então na adolescência, como insistia com os meus alunos, para que lesse literatura. Dei-lhe A Morgadinha dos Canaviais, obra que me havia encantado na minha própria adolescência.
E no fim-de-semana seguinte, estranhando a ausência de comentários: -- Que tal o romance?
-- Não li e não vou ler.
Fiquei siderado.
-- Porquê?
-- Porque já li 8 páginas e ainda vêm a descer a ladeira!
(Lembras-te, Sofia?)
ADENDA: A Sofia lembra-se  e corrige-me: não foi As Pupilas do Senhor Reitor, como inicialmente escrevi, mas a Morgadinha. Não desciam, mas subiam. Há muito que não releio Júlio Dinis. Aqui vai o início do romance:
Ao cair de uma tarde de Dezembro, de sincero e genuíno Dezembro, chuvoso, frio, açoutado do sul e sem contrafeitos sorrisos de primavera, subiam dois viandantes a encosta de um monte por a estreita e sinuosa vereda, que pretensiosamente gozava das honras de estrada, à falta de competidora, em que melhor coubessem.
Uma grande merda, reconheço-o hoje.  Aprende-se muito com os filhos.

4 comentários:

Sofia disse...

Pois claro, tanta página e nada de acção! Não era a Morgadinha dos Canaviais?

Sofia disse...

Obrigada!

JCC disse...

Creio que o problema não está na falta de acção: mais tarde, apreciaste Aparição, que não é propriamente um romance de acção. Estará antes na fraca economia da narrativa, no pedantismo da linguagem, na escrita amadorística, pelo menos pelos padrões actuais. Na trivialidade dos temas em detrimento de reflexão sobre o mundo, a sociedade, o homem,
Creio que o que me seduziu, quando li o livro na minha adolescência, foi o campo idílico, onde o mal não existe e o bem triunfa dos mal-entendidos. Mas já não me lembro.

Sofia disse...

A tua memória está muito má! Detestei a Aparição, mas fui telhuda ao ponto de ler os livros e não os resumos Europa América. Até a Aparição, mas bem me custou.