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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Luso-Poemas encerra


Primeiro foi Escrita Criativa, agora Luso-Poemas. Ignoro o motivo, mas não me surpreenderia que se devesse às constantes questiúnculas internas, conjugadas com a incapacidade de avaliar criticamente os materiais publicados. Explico-me: não faltam por aí poetas e poetisas inspirados, convencidos de que basta derramar sentimentos como derramam lágrimas para que surja poesia. E tão convencidos estão do valor actual das suas composições que qualquer crítica, por muito modalizada que seja, é recebida não com agradecimentos, mas com insultos. Na melhor das hipóteses responderão que é assim que gostam de escrever e ponto final (ou, como escreve Mia Couto, "pronto. Final").
Esta reacção arrogante à crítica foi especialmente evidente no Escrita Criativa, projecto que, no entanto, poderia ter contribuído positivamente para a divulgação de novos autores, se a parte ruidosa dos utilizadores do site tivesse conseguido perceber e aceitar que para escrever é preciso, (i) antes de mais, saber escrever, (ii) ler os outros, muito e constantemente, (iii) trabalhar incessantemente, sobrepondo à inspiração as virtudes terapêuticas da transpiração. Ambos os projectos foram também seriamente prejudicados por engraçadinhos que, sempre escondidos atrás de inúmeros nicknames, avacalharam os sites e provocaram a saída de autores sérios e empenhados no trabalho. Destes últimos, ficam as saudades da leitura quase diária dos seus textos, alguns deles muito promissores, e a certeza de que encontrarão outras formas de os continuar a divulgar.
Por fim, uma palavra de solidariedade para com os responsáveis por ambos os projectos, esperando que as desilusões e os prejuizos económicos sofridos os não levem a abandonar o sonho de criar um dia um portal aberto e democrático da literatura 'não oficial'. A ambos, o meu reconhecimento sincero.

Correcção: no dia seguinte Luso-Poemas voltou a funcionar, sem quaisquer explicações por parte do administrador. Aparentemente, o mau ambiente persiste, pelo que entendo não haver motivos para apagar ou para corrigir o presente texto. Também a EditonWeb, projecto em que depositei grandes esperanças parece ter fechado portas após muitos meses de coma profundo.

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