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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Volta à terra, que batatas dá"

Antigamente, quando a crítica era crítica, o politicamente correcto ainda não tinha sido inventado e as origens rurais um estigma que se queria esquecer, o dito volta à terra, que batatas dá, ou o "go back to the shop, Mr. John" era rude golpe nas ambições literárias do aprendiz de escritor ou de poeta.
A mim, não só me não ofende, como o sigo à risca logo que chegam os primeiros dias bonitos de Primavera, trazendo no chilreio animado das andorinhas ânsias de sementeiras à minha alma camponesa (...)
As batatas, semeadas (ou plantadas, conforme se entenda que os tubérculos são semente ou a própria planta) multiplicar-se-ão, se o tempo correr de feição e os amanhos lhes não faltarem, proporcionando enorme prazer, e logo na apanha, assadas a murro.
Pelo contrário, a escrita, bem mais cansativa do que as sementeiras, torturante correcção após correcção – corrijo centenas de vezes, na procura da palavra exacta, da frase certa, da toada adequada – não merecerá sequer um insulto da crítica...
(Post de 2007, foto da plantação de batatas de 2009)
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